Estratégias de metacognição no aprendizado de idiomas

Norma Wolffowitz Sanchez*
Paulo P. Sanchez**

Errou, revisou, corrigiu e ponto final, certo?! Bem, não é tão simples assim… Se errar antes era inadmissível, agora é bem-vindo. Os erros têm uso prospectivo. Podemos realmente aprender com nossos fracassos e evitá-los  em cenários futuros.

Cometer erros é realmente empoderador e nos torna mais fortes. Em resumo, aprendemos com nossos erros. Aprendemos também com os erros dos outros mas não o sentimos da mesma forma e o efeito em nós não é o mesmo. Sabemos que o erro nos faz aprender, mas então por que temos tanto medo dele?

No aprendizado de idiomas quantas vezes você, como aluno, preferiu não responder uma pergunta com medo de errar? E quantas vezes você respondeu, errou, e sentiu-se mal por ter errado? Isso já aconteceu no ambiente organizacional? Será que em um ambiente profissional o melhor é ficar calado em uma reunião e não se expor com medo errar?

Nos exemplos acima, o ambiente era controlado, ou uma sala de aula ou reunião. Mas imagine o seguinte: você morando em um país de língua estrangeira e tendo que, obrigatoriamente se comunicar seja em qualquer atividade. E ao fazer isso, VOCE VAI ERRAR! Se você se “fechar” para novas interações em que o erro irá, inevitavelmente, acontecer, bem… isso poderá vir a ser um grande problema.

Então precisamos saber tirar proveito de nossos erros, e é aí que entra a metacognição.

A metacognição é a capacidade do ser humano de planejar, monitorar e autorregular seus próprios processos cognitivos. A essência do processo metacognitivo parece estar no próprio conceito de “ser”, ou seja, na capacidade do ser humano de ter consciência de seus atos e pensamentos.

O conceito de metacognição está relacionado à ciência e ao auto monitoramento do ato de aprender. E aprendemos o tempo todo, do momento em que abrimos nossos olhos ao despertamos ao irmos dormir.  Dessa forma, compreender os processos e estratégias metacognitivos e implementá-los intencionalmente nos coloca no controle do nosso aprendizado.

Pensar sobre a maneira pela qual pensamos em várias situações pode ajudar em avanços e progressos do pensamento crítico, científico e interdisciplinar, levando-nos a aprender a aprender, inclusive como nossos próprios erros.

Nós, professores, desenvolvemos a metacognição de nossos alunos ao verbalizar o que estamos pensando enquanto estamos na ação. É como narrar o próprio pensamento e linha de raciocínio, explicando as ideias para nossos alunos. Isto reforça as habilidades de pensamento e incentiva os alunos a fazerem o mesmo.

Podemos utilizar esse recurso inclusive quando erramos ao dizer  “oops, acho que não é desta forma que se escreve”, ou esqueci de colocar uma virgula aqui. Se um professor errar, revisar o erro e reconhecê-lo perante seus alunos, eles vão perceber que eles também podem fazer o mesmo. Se o professor disser em voz alta que não tem problema errar e que isso não o deixa chateado, melhor ainda, pois exploramos os sentimentos que tanto podem afetar o aprendizado de forma positiva ou negativa.

Perguntas voltadas para como aprendemos são ótimas ferramentas metacognitivas.

  1. Perguntas sobre o que já sabemos em relação ao assunto que iremos estudar.
  2. Perguntas que explorem estratégias usadas anteriormente poderiam ser reaplicadas no contexto presente.  
  3. Perguntas que evidenciem nossas percepções e possibilidades em relação a um  tópico apresentado.
  4. Perguntas voltadas para o que ainda queremos aprender sobre um tópico a ser estudado.
  5. Perguntas que monitorem o sucesso ou fracasso da atividade
  6. Perguntas que determinem se há necessidade de rever as estratégias ou adotar novas estratégias.
  7. Perguntas que avaliem se o processo de planejar e monitorar foi bem sucedido.

Além das perguntas metacognitivas, outras estratégias de metacognição são:

  1. Uso de diários reflexivos.
  2. Uso de conversas metacognitivas que possibilitem o reconhecimento dos processos mentais.
  3. Uso da descrição ou explicação para evidenciar um processo mental, uma dificuldade, uma estratégia usada com sucesso.
  4. Uso de ferramentas mnemônicas.
  5. Uso de estratégias de verificação e revisão.
  6. Uso da linguagem metacognitivas ao longo dos processos de planejamento, monitoramento e avaliação.
  7. Uso de mapas conceituais.

E, uma última palavra de quem aprendeu o idioma “na marra”

Não tenha medo de errar!

 

* Norma Wolffowitz Sanchez é Mestre em Linguistica Aplicada, Linguagem e Educação pela PUC-SP. Professora de Inglês & Formadora de Professores (CELTA Tutor , Cambridge Teaching Bilingual Learners Mentor). Tradutora Juramentada (JUCESP).

** Paulo P. Sanchez  é Sócio Fundador da BIRD Gestão Estratégica de idiomas, consultor em educação & gestão de programas de idiomas para empresas. Cambridge CELTA (Certificado de Ensino de Inglês para Falantes de Outras Línguas) A.

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