Em que idioma faríamos o primeiro contato?

“Tudo o que um homem pode imaginar, outros homens poderão realizar”, Jules Verne.

Quem de nós, amantes do seriado Star Trek, diria que um dia a ficção se tornaria realidade? E aí estão as tecnologias que um dia nos encantaram nas mãos dos personagens de Jornada nas Estrelas, mais presentes do que nunca em nossa vida: o telefone celular, os tablets, os relógios inteligentes, o bluetooth, o/a assistente virtual e as vídeo conferências.

Entretanto, embora tenhamos feito grandes avanços rumo ao Tradutor Universal, ainda não conseguimos chegar lá.

O dispositivo, supostamente usado pela primeira vez na Terra no final do século XXII na tradução instantânea de línguas já conhecidas, gradualmente reduziu as barreiras linguísticas e levou a um acordo de paz universal entre as culturas díspares da Terra. O Tradutor Universal, assim como a maioria das outras formas comuns de tecnologia de Star Trek, foi provavelmente desenvolvido de forma independente em vários mundos como uma exigência inevitável da viagem espacial; certamente os vulcanos não tiveram dificuldade para se comunicar com os seres humanos após o “primeiro contato”.

Tradutor Universal Star Trek
Tradutor Universal Star Trek. Clique para ampliar.

O Tradutor Universal é um “programa de computador extremamente sofisticado”, que funciona através da “análise dos padrões” de uma língua desconhecida, a partir de uma amostra de conversação entre dois ou mais falantes. Quanto mais extensa a amostra, mais precisa e confiável é a “matriz de tradução,” permitindo a conversão instantânea de expressões verbais ou texto escrito entre a linguagem alienígena e o “Inglês Padrão”. Observem que a oficial Hoshi diz que as traduções nem sempre são precisas e que uma pequena diferença pode custar sua vida. A primeira questão é, portanto, de confiabilidade.

 

Em tempo, note que o Tradutor Universal tem um funcionamento muito semelhante ao do Google Tradutor:

De fato, em 2010 o Google anunciou que estava desenvolvendo o Google Tradutor que, podemos dizer, tem uma proposta muito semelhante ao do Tradutor Universal de Star Trek. Usando um sistema de reconhecimento de voz e um banco de dados, uma voz robótica recitaria a tradução no idioma desejado. O objetivo do Google é traduzir toda a informação do mundo. “Você pode ter acesso a línguas do mundo no seu bolso… o objetivo é tornar esse computador igual ao do Star Trek,” disse Roya Soleimani, porta-voz do Google durante uma entrevista de 2013 demonstrando o aplicativo de tradução em um smartphone.

Se você é fluente em inglês e utiliza o Google Tradutor,  deve ter percebido que o aplicativo evoluiu bastante. É uma ferramenta útil, mas que não exime o texto de revisão. Se você não é fluente, cuidado, pois  apesar dos avanços, o aplicativo, por exemplo,  ainda não consegue distinguir o verbo “to be” correto (“ser” ou estar” em português), expressões idiomáticas e colocações. Além disso, uma vírgula, ou falta dela, no texto original, pode fazer toda a diferença. Veja alguns erros do Google Tradutor:

A linguagem é um fenômeno que está profundamente enraizada em nossa cultura – tendemos a sempre voltar ao nosso modo de nos expressar e que é mais natural para nós. Certas noções presentes em uma língua podem até não ter equivalentes em outros idiomas, e aí está a dificuldade do Google Tradutor e de quem está aprendendo o idioma.

Outras empresas como a Microsoft, SpeechGear, VoxOx e até as forças armadas dos Estados Unidos estão empenhadas em desenvolver um tradutor universal que seja 100% eficaz, mas ainda estamos longe da ideia proposta por Star Trek.

O que vem a ser o “Inglês Padrão”? Ora, trata-se da padronização do idioma inglês, é claro, porque há mais de um “idioma inglês”! Já há alguns anos, linguistas entendem que o inglês deixou de ser um segundo idioma para se tornar um instrumento global de comunicação. Aceita-se, portanto, que haja um “idioma” inglês falado nos Estados Unidos e regionalmente dentro dele, que é um pouco diferente daquele na Inglaterra, África do Sul, Austrália e praticamente em todos os países. Em breve, cada país terá seu próprio idioma inglês e o Brasil se inclui nessa lista. Em alguns anos, quando alguém perguntar se o seu inglês é americano ou britânico, você poderá responder que nenhum dos dois. O seu inglês é brasileiro, e não haverá nada de errado com isso, pelo contrário, servirá como identidade de nossa origem cultural.

Aliás, a padronização do inglês já é uma realidade. Muitas empresas tentam lidar com essa questão através da imposição de uma versão simplificada do inglês nas comunicações internas, como uma tentativa de nivelar o terreno e dar a ambos nativos e não-nativos oportunidades iguais de se expressarem e de serem compreendidos. Infelizmente, esta estratégia pode causar mais frustração do que de fato ajudar. Não-nativos podem se sentir subestimados enquanto que os nativos podem se sentir inadequados ao expressar ideias abstratas, usando uma linguagem infantilizada. Nas comunicações não-oficiais, as pessoas ainda preferem expressões idiomáticas e coloquiais, que muitas vezes deixam os não-nativos de fora do círculo social. As competências linguísticas e estilos de comunicação mal interpretados por colegas de trabalho podem levar a uma exclusão ainda maior, criando um ambiente de trabalho fragmentado, onde os falantes nativos são uma parte e os não-nativos (independentemente da sua origem) a outra.

Faz-se necessário gerenciar a diversidade linguística através de cursos de idiomas contextualizados levando-se em consideração a cultura local. Mais ainda, se há diferenças individualizadas no aprendizado do idioma e características peculiares para cada pessoa, as escolas devem respeitá-las, personalizando os cursos sempre que possível, e cabe às consultorias “traduzirem” o ROI – Retorno Sobre o Investimento – dos diversos tipos de aprendizado em um padrão que todos entendam. Há ainda outro fator importante que vem a ser a participação das empresas no desenvolvimento dessa competência. Pesquisas recentes indicam que os cursos de idiomas tem alto custo o que acaba limitando o acesso aos mesmos; nem todos têm a oportunidade de inclusão no mundo globalizado proporcionada pelo aprendizado do inglês. Enquanto o Tradutor Universal não for uma realidade, e estamos longe dela, é necessário um esforço comum em parceria escola/consultoria/empresa ou indivíduo. Trata-se, em realidade, de todos falarem um mesmo idioma com um objetivo comum, ou para citar a série: audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve.

Benchmarking em aquisição de idiomas: dúvidas?
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